quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Violência: Muito mais do que um caso de polícia!

Na última semana, tive a oportunidade de percorrer as cenas de violência que atingiram a cidade de Cabo Frio. Fui na madrugada de domingo ao Muro de Pedra e vi o corpo do Marcelo estendido no seu comércio, alvejado por duas balas pelas costas. Fui na quinta-feira ao Parque Eldorado II e me solidarizei com a mãe da Anny, quatro anos de idade, atingida por disparos na frente de sua casa, no colo da mãe. Ainda no Eldorado II, passei por diversas barricadas de fogo, socorri uma mãe aos prantos em crise nervosa na rua e vi bombeiros darem meia volta, impedidos pelo tráfico de apagar focos de incêndio, pela ausência do apoio da força policial.
Seguramente, estas cenas não me saem da cabeça, não exitei em comunicar os fatos e pedir providências ao Governador do Estado,  ao Presidente da Assembleia e ao Secretário de Segurança. Porém, é preciso partilhar esta angústia com o conjunto da sociedade e buscar redefinir o papel de cada um. Lançar um desafio a sociedade de consumo que alimenta esta cadeia econômica que tem como produto final esta guerra de pontos entre facções que faz vítimas inocentes e torna toda uma comunidade refém de uns poucos vitimados pela dependência e ausência de oportunidades de trabalho e de formação.
É preciso questionar a ausência do Estado, não apenas pela limitação do aparelho policial, mas questionar o papel de cada esfera de governo na oferta de oportunidades de educação, trabalho e saúde, a fim de devolver a esperança e a expectativa de vida a cada pessoa. Somos uma cidade rica e a riqueza traz contradições, é preciso vencer a alienação da falsa alegria e cair na realidade de que somos uma cidade sem oportunidades, onde o dinheiro público mal aplicado ou aplicado sem um foco na geração de emprego, renda e formação vai gerar conflitos e revolta.
É preciso atrair os Governos Federal e Estadual para parcerias que aumentem a capacidade de investimento do poder  local, interagir com o setor privado e atrair investimentos que tirem nossa economia do marasmo, precisamos muito mais do que comércio, Salineira e Prefeitura a gerar oportunidades na cidade.
A lógica de multiplicar o número de policias não irá resolver nossos conflitos, poderemos chegar a um policial por cidadão e estaremos condenados ao fracasso. É preciso vencer a inércia e o imobilismo, investir no homem, na valorização do cidadão e na geração de oportunidades. Esta sim, a verdadeira política de segurança.
Coluna publicada na edição do dia 21/11/13 do jornal Folha dos Lagos

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