Faz
muito tempo que o prefeito confunde mandato eletivo com fundação de uma nova
era.
Volta
e meia, ou meia volta, lá vem o prefeito com seu mantra predileto: cidade mais
limpa, mais alegre do Brasil...Parque mais lindo do Brasil...O mais famoso
réveillon do Brasil e do mundo...Prefeito mais competente do planeta Terra,
quiçá de outras galáxias, etc...
Com
ele é tudo eu, sempre eu, acima de tudo, eu. Ele quer fundar uma eucracia.
O
episódio da construção da rotatória para o Shopping Park Lagos é só mais um
espetáculo de violência, de autoritarismo, de covardia. Tudo feito na calada da
madrugada, inopinadamente, sem qualquer aviso, sem respaldo legal.
É
uma situação preocupante, embora não seja o primeiro caso de um governante que
enlouquece no cargo. No Brasil, até um presidente da República foi afastado por
doença mental. A história está cheia de exemplos de imperadores, monarcas,
ditadores que submetiam todos a seus caprichos. Mas como não se tratava de
estado de direito, o povo sofria, rezava, implorava a Deus que os livrasse do
infeliz mandatário. Como vivemos uma democracia, a coisa muda de figura. Agora,
existe a Lei, o Ministério Público, a Polícia Federal e tantos outros órgãos
que nos protegem dessas loucuras.
Já
expressei, nessa coluna, meus fundados receios de que o prefeito esteja
sofrendo de algum tipo de megalomania grave, como aquele personagem do conto O
Alienista de Machado de Assis, o Simão Bacamarte.
Para
quem não lembra, Simão Bacamarte era médico especialista em doenças mentais, na
cidade de Itaguaí. Depois de trancafiar quase toda a população num hospício, a
Casa Verde, o doutor descobriu que, na verdade, o único louco era ele.
Trancafiou-se no manicômio e lá viveu os seus dias.
Provavelmente,
o prefeito não tem o discernimento do vaidoso Simão Bacamarte, portanto,
dificilmente vai se enclausurar na própria megalomania. Portanto, em nome da
paz social, concito a sua senhoria ( ou sua alteza) para refletir sobre a
modéstia.
O
fato de ter sido eleito prefeito de uma cidade não o faz imperador do mundo.
Aprenda, prefeito, a conferir a seus atos os limites da prudência, do bom
senso, da reverência à lei.
Finalmente,
quando sair de casa para o trabalho, repita mil vezes, em voz baixa: o outro
existe e eu o respeito. Quem sabe, assim, sua senhoria desista de
ser sua alteza e com isso não torne todos nós reféns de sua imperial vontade.
Coluna publicada na edição do dia 05/12/13 do jornal Folha dos Lagos
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