Fogo no circo

É com imensa alegria, que após um longo recesso, retorno às páginas da Folha para um encontro semanal, onde partilharei idéias de política macro e afirmarei meu posicionamento político local. Oportuno é o instante da volta, após uma eleição onde mais de 40 mil cabofrienses nos deram o legado de liderar uma oposição construtiva para apontar caminhos e fiscalizar os rumos da administração.

Não poderia neste nosso primeiro encontro, deixar de refletir os termos da nota do Procurador da SECAF, presidente em exercício, que fala, entre outras coisas, de fraude à licitação, contratação irregular de shows e empresas para serviços de limpeza e manutenção, e pagamento de funcionários fantasmas. Seguramente, diante da obrigação e responsabilidade do cargo que exerce, este Procurador, não deve limitar-se a encaminhar o tema à apreciação do MP, devendo o mesmo ter a coragem de propor a ação cabível, visto que o mesmo tem obrigação-dever de zelar pela defesa do patrimônio público.

O circo seguramente não resistirá às fagulhas lançadas pelo Douto Procurador, pois o mesmo se obriga agora a dar “nomes aos bois”, identificar os fantasmas que se beneficiavam dos cofres públicos, e aqueles que recebiam dos contratos fraudulentos, tudo isso em respeito ao cidadão cabofriense. Criada no ano de 1999, pelo então Prefeito Alair, desde então a SECAF vem sendo apontada como grande ralo escoadouro do dinheiro público, uma técnica que o administrador de hoje, conhece muito bem, pois foi o mesmo autor do modelo implementado e que pelo teor da nota, perdura até nossos dias.

Da nota, guarda-se nossa preocupação com os servidores, que veem na manobra uma argumentação para o fechamento da empresa, com prejuízo para os trabalhadores com o não pagamento do Plano de Cargos e Salários e consequentes demissões. Diga-se de passagem, que esta manobra daria ainda ao novo governo a oportunidade de em uma nova empresa poder contratar e criar cargos para atender apadrinhados políticos.

Seguramente, ao anunciar a lista de beneficiados, a vingança do procurador, colocará fogo no circo e transformará a magia circense num espetáculo de horror, podendo queimar o dono da companhia.

Coluna publicada no jornal Folha dos Lagos do dia 10 de janeiro de 2012